Ministro Celso Sabino mantém apoio a Lula e é suspenso do União Brasil por 60 dias

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Celso Sabino bateu o martelo: continua no Ministério do Turismo, mesmo após a ordem do União Brasil para abandonar a Esplanada. A decisão custou cara. O partido suspendeu o ministro por 60 dias e abriu caminho para uma possível expulsão.

O impasse coloca em xeque não apenas o futuro político de Sabino, mas também a estratégia do União Brasil de se firmar como maior bloco de oposição na Câmara. Enquanto isso, o titular do Turismo tenta capitalizar a permanência no governo Lula em eventos de peso, como a COP30.

Decisão de permanecer no governo Lula

Em 19 de setembro, a Executiva Nacional do União Brasil determinou que seus filiados deixassem todos os cargos na administração federal. A ordem fazia parte da articulação para formar uma federação com o Progressistas, mirando a liderança da oposição no Congresso.

Mesmo assim, Celso Sabino escolheu ficar ao lado de Lula. Segundo o ministro, a gestão petista apresenta “bons indicadores econômicos” que não deveriam ser desperdiçados. A frase circulou rapidamente entre parlamentares e virou motivo de polêmica dentro do partido.

Suspensão de 60 dias: o que está em jogo

O parecer do deputado Fábio Schiochet (União-SC) determinou a punição mais branda possível antes da expulsão. Por dois meses, Sabino perde o comando do diretório estadual no Pará, fica sem acesso a recursos do fundo partidário e não pode votar nas instâncias internas da legenda.

A Executiva Nacional tem 22 membros aptos a votar. Para sacramentar a saída definitiva, serão necessários 13 votos — exatamente três quintos do colegiado. Enquanto isso, a defesa do ministro pode apresentar argumentos e tentar reverter o cenário.

Processo de expulsão pode avançar

Embora o relator tenha classificado a expulsão imediata como “sanção drástica”, os bastidores indicam que esse será o desfecho natural. Fontes no partido relatam que, concluído o prazo de 60 dias, a tendência é de afastamento definitivo.

O estatuto do União Brasil permite penalidades graduais e reversíveis, mas impõe disciplina rígida para casos de infidelidade partidária. Ao permanecer na Esplanada, Celso Sabino contraria não só uma orientação, mas a principal estratégia eleitoral da sigla para 2024.

Reação dentro do União Brasil

Troca de farpas com Ronaldo Caiado

A entrevista em que Sabino reafirmou fidelidade a Lula irritou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pré-candidato à Presidência pelo União. O goiano acusou o ministro de “imoralidade ímpar” por conciliar o cargo no governo petista com a filiação partidária.

Não ficou por isso: Celso Sabino rebateu dizendo que responderia a Caiado “quando ele ultrapassar 1,5% nas pesquisas”. O bate-boca escancarou as fissuras internas e elevou a temperatura entre as alas governista e oposicionista da sigla.

Impacto nos diretórios paraenses

Como parte da punição, a direção nacional interveio de forma imediata nos diretórios municipais do Pará. Em até 20 dias, novos nomes serão indicados para comandar as estruturas locais, antes alinhadas ao ministro do Turismo.

A movimentação retira de Sabino a prerrogativa de acomodar aliados, enfraquecendo sua base no estado. Ainda assim, o parlamentar calcula que pode recuperar espaço caso seja mantido no partido e capitalize a exposição obtida em Brasília.

Estratégia de olho na COP30 e no Senado

Ao negociar o cronograma do processo disciplinar, Celso Sabino buscou uma janela confortável. Os 60 dias de suspensão permitem que ele participe, ao lado de Lula, dos preparativos para a COP30, evento global de clima que será sediado em Belém.

A presença na conferência serve de vitrine nacional e fortalece o plano de disputar o Senado pelo Pará em 2026. Como ministro do Turismo, Sabino tem à disposição verbas, agendas oficiais e holofotes capazes de impulsionar seu nome no estado.

O que acontece agora

Nos próximos dois meses, o ministro do Turismo tentará convencer colegas a barrar a expulsão. Hoje, conta com apenas uma fatia da bancada — pequena, mas influente por causa das emendas e da liberação de recursos do Turismo para bases eleitorais.

Ao mesmo tempo, a direção do União Brasil corre para alinhar o discurso oposicionista com os Progressistas, que também suspenderam lideranças favoráveis a Lula. A meta da federação é pavimentar a candidatura de Caiado ao Planalto.

Para quem acompanha o noticiário em Explore Viagem, o desfecho desse embate definirá se Celso Sabino seguirá como carta forte do governo na área de turismo ou se terá de trilhar um novo caminho partidário antes mesmo da COP30.

Enquanto o relógio corre, o ministro mantém a agenda ativa: participa de lançamentos de rotas turísticas, libera recursos para infraestrutura e investe em campanhas de promoção nacional. Resta saber se o capital político acumulado será suficiente para manter a filiação — ou se ele precisará buscar abrigo em outra legenda.